Poema: Madame Glória


Título: Madame Glória
Ano: 2012

   “Sentada de lado em minha cadeira dura e nada acomodada, em minha mão direita está minha caneta, na esquerda meu cigarro. Um sentimento de frustração toca meus pensamentos, é aquele momento que você percebe que a vida engana os viciados. Não falo de mim — apesar de conter alguns vícios — mas de um familiar, em especifico meu pai. Não é álcool, não é o fumo, é a maldita mania de narcisismo agudo, daqueles que se chama de “Sr. Perfeito” e ainda acha graça.

   Aposto que você se identificou com meu fato. Afinal eu diria que as famílias muitas vezes são para atrapalhar nossa personalidade, pois bem eu não sou tão diferente assim. Mas me recuso a dizer que sou egoísta até o ultimo ponto.

   Na minha vida com linhas curvadas não se pode querer muito da bondade dos outros, quem dirá as aceitações. E eu mostro uma banana bem grande para o imbecil que me diz o que devo fazer, eu digo “A vida é minha, seu pilantra” e não é?

   Logo retorno a olhar minha caneta, trago meu cigarro e pego minha única garrafa de vinho da safra 1940 — eu sou uma artista, você queria que eu tivesse uma francesa de 1870? — e eu fico revoltada só de lembrar o fato de que em 1870 estava tendo uma guerra franco-prussiana, de conseguir ser pobre, viciada em cigarro, álcool, me comparar ao meu pai e ainda ter uma garrafa que comprei há cinco anos e não ter tomado na mesma noite. Só podia já estar bêbada e com dinheiro.

   Vida de escritora não é fácil não, teto velho, sofá velho, colchão velho, minha caneta é velha, até meu pai já está velho, menos minha garrafa de vinho. Frustrante não acha?

   Gostaria de ter nascido antes dessa guerra para poder rir da cara desses franceses de biquinho e todos seguidores de Napoleão, afinal uma descendente de portugueses que fugiram para não perder o trono pode ter devaneios.”

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